domingo, 30 de janeiro de 2011

Tecnologia, eu quero uma para viver.


Num conflito de nuvens cinza avisando que a chuva já vem vindo, com nuvens coloridas pelo sol.
Sei que só observar as formas que as nuvens formam não resolve nada,
Eu não tenho um terno e uma maleta de negócios,  nem penso em soluções sobre a bolsa de valores, e acredito que essas coisas não resolvem os buracos na camada de ozônio, nem ressuscita animais em extinção, não segura os morros que caem em cima de cabeças  por apenas habitar um lugar onde a natureza quer gritar, gritar que não agüenta mais ser sufocada.
As cores da TV já não me de impressionam mais como quando era criança.
Não quero só as ver as cores dos meus desenhos, eles não saem do papel, nem as da TV.
Me mostre as cores que saem de você!
Por que nós somos um tanto maior que uma flor, e um tanto menos que um prédio.
E sempre que chove, ao invés de ouvimos as chuva cair como nos filmes românticos, ouvimos o morro cair, e nos preocupamos se vamos morrer afogados.
Estamos crescendo
Mas parece que não evoluímos mais.
Não rimos mais.
Eu to cansada de ver como somos nitidamente educados desde criança a só consumir enlatados, educados a não saber fazer nada, educados a não ser capaz de plantar e colher, educados a consumir porcarias de propagandas chamativas e brilhantes, de ser bombardeada por mais de 300 comercias me dizendo como devo ser e o que devo consumir e jogar fora, consumir e jogar fora, consumir e jogar fora, consumir e jogar fora, consumir e jogar fora. . . Mesmo que isso cause um choque entre a natureza e a tecnologia, vamos consumir tudo que não precisamos.
A tecnologia que é mais bonita que a lua
A tecnologia que brilha mais que o sol
Que é mais viva que uma arvore
 Não que seja errado acreditar no progresso e na tecnologia, mas que pregresso massacrador é esse? Que só visa o consumo pelo consumo, o consumo pelo bolso cheio. É fácil dar a natureza por certa, ela sempre esteve ali, e o homem que esta no topo da cadeia alimentar, que habita a terra a milhões de anos (como os dinossauros), não é assim que desaparecera, não será muita presunção acreditar que nunca entraremos em extinção?
E não há nenhum lugar para ir, por que esse é o único mundo que temos.
Não acredito que as soluções saíram das suas malas de negócios, ou dos nós de suas gravatas que tentam dar nó nas nossas cabeças.
É inútil esperar.
Quem espera só descansa
Quem não se move nunca alcança
Não somos quem somos pelo que falamos, por que as palavras se diluem no ar.


Amanda Balice
 
Assim como falham as palavras quando querem exprimir
qualquer pensamento, assim falham os pensamentos
quando querem exprimir qualquer realidade. (A.Caeiro)
Quando digo “meu Deus”,afirmo a propriedade.
Há mil deuses pessoais
em nichos da cidade.
Quando digo “meu Deus”,
crio cumplicidade.
Mais fraco, sou mais forte
do que a desirmandade.

Quando digo “meu Deus”,
grito minha orfandade.
O rei que me ofereço
rouba-me a liberdade.

Quando digo “meu Deus”,
choro minha ansiedade.
Não sei que fazer dele
na microeternidade.
Carlos Drummond de Andrade

 

Ainda que mal

 Ainda que mal



 Ainda que mal pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal te entenda,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda assim te pergunto
e me queimando em teu seio,
me salvo e me dano: amor.

sábado, 29 de janeiro de 2011

ESPELHO



“Olha no espelho e enxerga tuas costas.
Deixe tuas mascaras
No armário antes que ela te use como mostruário.
Comece a enxergar a humanidade como macacos sem pelagem
E enxergara um aroma de sonhos dentro de
Uma cabaça selvagem.
Mastigado e engolido pelo teu ego
Mergulha-te  
E achará estranhas as tuas entranhas
Ânsia  
 O corpo expulsa o corpo
Vomita-te
 Omite-se
    Imita-se.”
                                                   valmir Sant'anna

O Homem; As Viagens

Carlos Drummond de Andrade

Composição: Carlos Drummond de Andrade
O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.
Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.
O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
Do solar a colOnizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.